Por Neomisia Silvestre
Revista de la VI Muestra Latinoamericana de Teatro de Grupo
Uma vez que elementos como água, fogo, ar e terra se relacionem de forma igual, neles, o homem pode encontrar respostas à sua razão de existência. Para o Grupo Sotz’il, da Guatemala, de acordo com o pensamento maia, é possível desenvolver todas as habilidades quando se encontra equilibrado energeticamente. Nesse estágio que há na natureza, poder se abastecer dela ao mesmo tempo em que a carrega em si para um fim primordial: a transcendência.
O grupo abriu a série de demonstrações de trabalho, que acontecerão ao longo da semana como parte da programação da Mostra, com uma informação fundamental para início de sua atividade: no corpo humano existem 20 energias. A intenção é partilhar que é possível encontrá-las para, então, atingir o equilíbrio necessário e depois aplicá-lo aos processos cênicos.
E para compartilhar um pouco do que é possível fazer na cultura maia, no âmbito da referida conexão com a natureza, o Sotz’il convida os participantes a uma breve aula prática. Posicionados em círculo no palco da Sala Adoniran Barbosa, agora transformada em sala de trabalho, os participantes, em sua maioria atores, passam a copiar os movimentos exemplificados por um dos guatemaltecos, enquanto o diretor do grupo, Víctor Manuel Barillas Crispín, faz a mediação.
O núcleo artístico realizou uma pesquisa sobre as energias da natureza para aplicar nos exercícios e nos movimentos, nas contraposições corporais e nas energias de cada animal. Crispín então sugere aos participantes que experimentem o trabalho corporal intensificado nas articulações dos pés e das mãos, no uso do abdômen e no peso do próprio corpo. Quinze pessoas se encorajaram a participar da demonstração. Iniciam pelo alongamento recomendado, depois passam aos movimentos B’atz’, Imox, Umul, Venado, que carregam a essência de felinos e répteis.
Nos movimentos gerais dos participantes nota-se a dificuldade em lidar com o esforço físico e com o equilíbrio exigido para cada movimento, por menor que fosse. Nos atores do Sotz’il, cada músculo resplandece o entendimento e a conexão com a energia a que tanto mencionam. “A vida flui em nós”, diz Crispín, enquanto já se nota ali um suor que quer escorrer. “É preciso explorar a energia que existe em cada um de nós”, completa.
Atores do Sotz’il em movimentos que remetem a felinos e répteis. |
(Fotos: Tainá Azevedo)
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